SÃO
PAULO - Não é só no salário que se percebem as diferenças entre homens e
mulheres. Existem discrepâncias também nos aumentos concedidos entre
profissionais homens e mulheres de mesmas áreas e níveis. A Talenses,
consultoria de recrutamento de executivos em São Paulo, fez uma análise
de seus dados e descobriu, por exemplo, que entre os profissionais de
média e alta gerência de marketing, os homens receberam um aumento
salarial de, em média, 40% em 2015 em relação a 2014. Já para as
mulheres, o aumento foi de apenas 7% no mesmo período.
Para
Rodrigo Vianna, diretor executivo da Talenses, um dos motivos para essa
diferença é o fato de que as próprias mulheres acabam direcionado a
carreira para ter mais flexibilidade e qualidade de vida, em vez de
maior remuneração ou cargos mais altos. “Muitas vezes a mulher na idade
de ser promovida, entre 32 e 40 anos, fica grávida e procura projetos
que sejam mais adequados para terem tempo para família”, diz Rodrigo.
“Isso porque, infelizmente a gravidez ainda gera relativa dificuldade na
carreira da mulher”. Já homens privilegiariam mais a o crescimento e
remuneração na hora de pensar na carreira, com ou sem filhos.
“Isso
ainda acontece também porque as mulheres ainda são consideradas as
grandes responsáveis pelo cuidado com os filhos e tarefas domésticas,
mesmo quando trabalham”, explica Rodrigo. Não à toa, áreas mais voltadas
à gestão por projetos, com maior flexibilidade e autonomia para se
escolher horários e metas, são preferidas pelas mulheres. A área de TI,
por exemplo, registra um movimento inverso. Nesse segmento, o aumento
salarial das mulheres nos cargos de coordenação e gerência sênior foi de
52% segundo dados da Talenses, contra 2% para os homens. “Nessa área
tem mais home-office, meio período e participação por projetos”, diz.
“Existe uma falta de mão de obra no TI e as mulheres estão tomando conta
desse espaço”, afirma Rodrigo.
Para
ele, para a situação se tornar mais igualitária, as empresas precisam
dar mais condições e flexibilidade para as mulheres que engravidam
poderem assumir cargos de direção e, igualmente, dar maiores licenças
paternidade para que homens possam assumir cuidados com os filhos. Ao
mesmo tempo, seria necessária uma distribuição mais igualitária de
divisões de tarefas em casa. Afinal, de nada adianta igualdade no
trabalho se no final do dia as mulheres ainda têm que enfrentar a
dupla-jornada de trabalhar e cuidar de tarefas domésticas. Por outro
lado, Rodrigo aponta uma tendência positiva em sua experiência com
recrutamento de executivos. “Ultimamente as empresas não têm levado em
consideração se é homem ou mulher na hora de fazer propostas, ao
contrário do que acontecia antes”, diz. O problema seria mesmo que mais
mulheres se afastam desses cargos por não sentirem que terão condições
de criar filhos e dirigir equipes no modelo de trabalho atual.
Por Redação Você S/A
Por Redação Você S/A
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