Economize evitando os deslizes típicos na hora de programar seus gastos e investimentos
Por Thiago Alvarez*Para evitar que isso aconteça, selecionei alguns erros comuns que as pessoas cometem ao fazer seu planejamento financeiro:
Achar que ganha mais do que ganha: um dos pilares do planejamento financeiro é a renda. É a partir dela que você se organiza para pagar as contas e poupar. Mas uma pesquisa do GuiaBolso mostra que, em média, as pessoas superestimam a própria renda em 8,6%. Ou seja, acreditam que vão receber mais do que de fato ganham. Uma das razões para isso é contar com o salário bruto e não com o líquido. Em seu planejamento, lembre-se de considerar apenas aquilo que realmente entra na sua conta bancária.
Pensar que gasta menos: para traçar um bom plano para seu orçamento, você precisa ser realista. Analise com cuidado seus gastos nos meses anteriores para identificar as categorias onde poderia diminuir as despesas. É comum as pessoas se assustarem ao se dar conta de quanto gastam, na verdade, com bares e restaurantes no mês ou quanto pagam só de juros do cartão de crédito.
Questione-se. Será que você está assistindo a todos os canais que contratou da TV a cabo? Se não, por que não reduz o plano? E com o celular? Não conseguiria falar com seus amigos pelo Voip e pegar um plano pré-pago? Tanto as despesas que sustentam seu estilo de vida quanto aquelas direcionadas aos itens básicos podem ser menores. A recomendação é que os gastos essenciais (com transporte, moradia, saúde, educação e mercado) não ultrapassem 50% do orçamento. Outros 15% devem ser reservados para as prioridades financeiras, sejam elas pagamento de dívidas ou investimentos. Os 35% restantes podem ser gastos com estilo de vida: bares, restaurantes, lazer, viagens, compras etc.
Não ter reserva financeira: imprevistos acontecem e precisamos estar preparados. A recomendação é poupar o equivalente a até seis salários para constituir uma poupança para eventualidades. Assim, evita-se recorrer a empréstimos que acabam desequilibrando o orçamento em caso de emergências.
Não investir: o levantamento do GuiaBolso mostra que apenas 9,4% das pessoas conseguem poupar e investir ao fim do mês. E quando falamos de investir não estamos nos limitando à reserva de emergência e à previdência. Há opções de investimentos, como Fundos DI e CDBs de bancos médios, que dão um retorno melhor e são de baixo risco. Para começar a investir, a dica é pré-programar uma aplicação mensal em seu banco. Assim, logo que o salário cai na conta, uma fatia já é destinada automaticamente ao investimento que você escolher. Dessa forma, não há desculpas de esquecimento ou falta de dinheiro no fim do mês. O ideal é que pelo menos 15% do salário sejam colocados em investimentos, se você não tiver dívidas para pagar.
Ter dívidas caras: outro erro comum que as pessoas cometem é entrar em dívidas caras, como cheque especial e rotativo do cartão de crédito, para fechar as contas. Os juros rotativos do cartão, por exemplo, ultrapassam 400% ao ano. Há opções mais baratas no mercado, como o empréstimo pessoal. Se você está com alguma dessas dívidas, a dica é substitui-la por outra mais barata. Você pode, por exemplo, pegar um empréstimo pessoal (juros de 50% ao ano) para quitar a dívida com cartão de crédito (400% ao ano). Se não conseguir o crédito, tente negociar com a instituição financeira novas condições para pagar o empréstimo. Muitas pessoas conseguem diminuir os juros assim.
Montar um plano de ação é o primeiro passo para retomar as rédeas de sua vida financeira, mas é preciso também ter disciplina e força de vontade para segui-lo ao longo do ano. O esforço vale a pena. Se tantos já conseguiram, você também consegue.
Acerte na conta
Incorporar alguns conhecimentos e atitudes vai ajudá-lo a traçar uma estratégia mais realista para o seu dinheiro
- Salário no bolso é o salário líquido. Cuidado com a renda-base de seu orçamento. Salário é o que cai na conta, e não o salário bruto, que vem no holerite.
- Entenda quanto você gasta em cada categoria. Feito isso, trace limites realistas para elas, pensando se você vai conseguir cumprir.
- Anote todos seus gastos. O objetivo é saber quanto você já gastou do planejado em cada categoria. Alguns aplicativos fazem isso de forma automática.
- Não conte com a sorte. Não espere ganhar na loteria ou receber um aumento, se está precisando de uma renda extra. Procure alguma ocupação para as horas vagas que possa complementar o orçamento.
- Reserve dinheiro para emergências. A recomendação é guardar até seis salários para urgências. Exemplo: se seu salário é de 3 000 reais, junte 18 000 reais. A dica é poupar pelo menos 15% ao mês, ou 450 reais.
- Identifique os vilões do seu orçamento. Liste suas principais despesas e trace um plano para reduzi-las. Você sabe quanto gasta com táxi ou com o café após o almoço? Precisa jantar fora de casa três vezes na semana? Questione seus hábitos mais caros.
- Confira suas finanças toda semana. Ter uma vida financeira saudável passa pela disciplina de monitorar seus gastos constantemente, para não perder o controle.
- Deixe o cartão de crédito em casa. Isso vai fazê-lo pensar duas vezes antes de comprar algo.
*Thiago Alvarez é sócio-fundador do Guia Bolso, aplicativo de controle financeiro.
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