A dificuldade para lidar com o diverso pode dificultar a solução dos desafios a serem enfrentados pela equipe
Por Marcos Reitano*
A ideia de que o sucesso das organizações depende cada vez mais do
trabalho produzido em equipes, em comparação com o trabalho produzido
por indivíduos, parece bastante óbvia na atualidade. Quando bem
aproveitada, a diversidade de visões, perfis e competências produz
soluções mais criativas, eficientes e definitivas para os incontáveis
problemas e oportunidades que as empresas encaram todos os dias. Não há
muita dúvida de que o saber coletivo é maior do que a somatória do saber
individual.
Por outro lado, também é senso
comum que as equipes não realizam tudo o que são capazes. Questões como
identidade do grupo, valores, alinhamento de propósito, estilos de
comportamento e a abordagem de liderança, entre outras, interferem na
dinâmica das discussões e decisões, dificultando a realização de seu
pleno potencial.
Não é fácil lidar com as
diferenças e, de forma geral, não estamos abertos para considerar o
diverso sem julgamento prévio, quase sempre negativo. E isto se agrava
quando há pouca confiança entre as pessoas, quando não conseguem falar e
ouvir abertamente sobre suas diferenças. A dificuldade para lidar com o
diverso, combinada com baixa confiança nas pessoas, não só reduz o
potencial das equipes, como pode tornar mais complicadas as situações
sobre as quais deveriam efetivamente agir.
Muitas
empresas estão se voltando para a questão da produtividade das equipes
ao reconhecer a natureza interdependente do trabalho e a necessidade
cada vez maior de colaboração cruzada no ambiente corporativo. Mas
sentem necessidade de abordagens e ferramentas diferentes das
tradicionalmente adotadas, como metas coletivas, destaque para trabalho
em equipe entre as competências necessárias ao bom desempenho ou mesmo
os encontros de teambuilding, muito utilizados em anos recentes. Estas
abordagens estimulam e reconhecem o trabalho coletivo, mas não ajudam as
pessoas a desenvolverem habilidades de como trabalhar melhor em grupo.
É
neste contexto que o coaching de equipe começa a ganhar espaço na
agenda de desenvolvimento das organizações. Como se trata de um processo
de coaching, guarda os mesmos princípios e características do coaching
individual, apenas mudando o foco para o desenvolvimento do grupo. Seu
objetivo é melhorar a performance da equipe através da redução ou mesmo
remoção dos obstáculos internos ao seu melhor desempenho.
O
processo de coaching não ensina; ajuda a aprender. Através desta
abordagem, os membros da equipe desenvolvem maior clareza e convergência
sobre como chegar aos resultados que devem alcançar; ampliam a
capacidade de ver e interpretar os acontecimentos do ambiente;
desenvolvem maior consciência de como cada um contribui para a situação
que estão vivenciando; fortalecem a autoconfiança e confiança no grupo;
adquirem novos comportamentos e padrões de resposta para a equipe;
desenvolvem capacidade de diálogo aberto e transparente, mesmo em
questões difíceis.
O coaching de equipe pode
ser aplicado nas equipes funcionais - estas que constituem as áreas de
trabalho - para que se tornem mais eficientes e capazes de entregar os
resultados esperados. Pode ser aplicado nas equipes de projeto,
beneficiando o tempo e a qualidade do desenvolvimento do projeto. E pode
ser utilizado também em equipes transversais ou inter-áreas, para que
os processos que funcionam entre elas sejam mais eficientes e eficazes.
Em todos os casos, é fundamental que haja definição clara dos objetivos
que a equipe deve alcançar, que irão orientar e justificar o processo de
coaching.
Este processo complementa outras
abordagens e ferramentas para alavancar o trabalho em equipe. Como
qualquer outra metodologia, o coaching de equipe tem valor dentro do
escopo no qual se propõe atuar, tendo portanto limites. Sabemos que a
questão da performance de grupos depende também de variáveis externas
aos próprios grupos, que as organizações precisam identificar e adequar
para serem coerentes e possam potencializar a alta performance das
equipes.
*Este artigo é de autoria de Marcos Reitano, da Ockam Consulting.
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