Por que encontrar harmonia entre a força e a afetividade é tão importante para os líderes
Por Fabio Eltz*
Todos nós esperamos que o líder seja um super-herói, alguém capaz
de motivar a equipe, suportar pressões, colocar seu conhecimento e
experiência à disposição para que o grupo alcance resultados. Mas também
queremos ser comandados por pessoas que não se sintam intimidadas em
momentos decisivos, por exemplo, quando é necessário repreender um
membro da equipe, corrigir a rota do time, demitir aqueles que não estão
agregando valor à empresa.
Em resumo,
desejamos que os líderes sejam doces e fortes ao mesmo tempo. Mas como
encontrar este equilíbrio e ainda corresponder às expectativas da
organização, dos pares e dos funcionários?
Afetividade na liderança
Um
líder cordial, que ouve os colaboradores, considerando suas opiniões e
sentimentos tende a estabelecer uma relação de confiança com o grupo. Na
prática, aquele que sente boas intenções nas atitudes do líder tende a
partilhar mais informações e a cooperar com o que for necessário, seja
em desafios da área, momentos de excesso de tarefas ou atividades que
não façam parte da rotina.
Quando um líder não
projeta afetividade, tendemos a nutrir por ele certo desprezo ou inveja,
muitas vezes julgando que ele não merece o cargo que ocupa. Como
consequência, nos sentimos desmotivados a contribuir. Nesse caso, os
benefícios financeiros da empresa precisam ser significativos para
compensar a insatisfação com o gestor. Ainda assim, a tendência é de que
o colaborador não demore a deixar a equipe ou a companhia.
Força na liderança
Admiramos
pessoas fortes e, intimamente, também desejamos ser assim. Queremos
demonstrar nossas próprias competências e que os outros as percebam. No
ambiente de trabalho, por exemplo, a tendência é de queremos sugerir as
melhores ideias, enfrentar desafios, inovar. E desejamos isso também do
nosso líder: que ele seja forte, admirável e bem posicionado.
Projetar
força é manter uma posição firme diante das situações, ter iniciativa,
sustentar opiniões e estar disposto a resolver problemas. É possível ver
a projeção de força do líder em situações simples. Por exemplo, é comum
uma área impor tarefas de forma inadequada à outra, como refazer um
trabalho. Neste momento, a equipe que se sente prejudicada espera que
seu líder não aceite a demanda ou negocie a melhor forma de realizar a
entrega. O líder que perde a oportunidade de defender os interesses da
equipe transparece fragilidade, por aceitar imposições de maneira
passiva.
O desequilíbrio
Excesso
de afetividade no líder tende a despertar nos colaboradores sentimentos
de solidariedade e pena. Alguns chegam a falar mal do gestor, apontando
seus defeitos, mas sem deixar de ser gentis com ele, mas, de certa
forma, tendem a acabar negligenciando na cooperação.
Por
outro lado, liderança com muita força e nenhuma afetividade chega a
despertar raiva nos colaboradores, que passam a questionar as atitudes
do gestor e, em alguns casos, resulta em boicote ao trabalho. Nesses
casos, muitos membros da equipe se questionam: “como alguém que não é
legal pode ser competente?”. É tarefa difícil confiar e cooperar com
alguém insensível, que ostenta poder e superioridade.
Encontre o equilíbrio entre as forças
Encontrar
o equilibro entre projetar afetividade e força pode ser uma tarefa
difícil, pois o dinamismo do ambiente de trabalho requer jogo de cintura
para perceber qual é o momento adequado para deixar cada uma em
evidência. Aqui vão algumas orientações:
1.
Estabeleça conversas sinceras com o time - Para projetar afetividade é
preciso que as informações sejam transmitidas para o time de maneira
clara e objetiva, sem ênfase emocional, porém com um direcionamento
positivo e de maneira que eles fiquem cientes da realidade da situação.
Por exemplo, ao falar sobre erros no trabalho, deixe claro que a
conversa está existindo justamente porque você acredita que todos têm
potencial de fazer certo. Franqueza e educação ajudam as pessoas a
perceber a intenção do líder.
2. Desenvolva seu
papel de ouvinte – Esteja aberto a ouvir sobre as dificuldades de seus
colaboradores e as ideias que eles têm em mente. Essa atitude mostra que
você tem interesse pelo seu time. Gestores que não adotam essa postura
perdem oportunidades valiosas de estreitar o relacionamento com a equipe
e melhorar a rotina do trabalho.
3. Reconheça
suas limitações – O papel do líder é viabilizar e não fazer tudo da
área. Dessa forma, por exemplo, se você entende que não é tão bom em
planejamento e que algum membro de sua equipe executa bem a tarefa, dê
essa segurança a esse profissional. É bem visto quando o líder demonstra
honestamente seus pontos fracos e fortes. Claro que os fracos devem ser
menos expressivos. Mas este reconhecimento da realidade impacta bem a
equipe.
Em síntese, quando um líder sabe que é
forte, tende a ser mais aberto, ser menos ameaçador e se sentir menos
ameaçado. Quando está confiante, tende a projetar autenticidade e afeto
nos membros da equipe. Encontre o equilíbrio e boa sorte com sua equipe!
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