Em algumas ocasiões somos orientados a esconder nossas emoções, inseguranças e medos, pois atitudes e comportamentos como estes não combinam com um executivo de sucesso
Algumas palavras não costumam ser comuns em pautas corporativas. Mas o novo está invadindo nossa vida e ocupando os espaços do que o habitual não consegue mais responder ou atender. Vulnerabilidade é uma dessas palavras que têm começado a circular em conversas de executivos e dos gestores de capital humano.Existe ainda a crença, forte até certo ponto e em alguns ambientes, de que para sermos respeitados profissionalmente precisamos mostrar força e racionalidade em tudo o que fazemos. Normalmente somos vistos como seres humanos dotados de uma capacidade analítica incrível, capazes de tomar qualquer decisão difícil em um curto espaço de tempo e com poucos dados. Em diferentes ocasiões somos até mesmo levados a esconder nossas emoções, inseguranças e medos, pois atitudes e comportamentos como estes não combinam com um executivo de sucesso e parecem não ser atributos desejáveis em líderes.
Mas há uma nova ordem no mundo. E ela não está chegando de mansinho. Na verdade, com toda inovação que temos vivido em estruturas de poder, globalização, as questões da diversidade e os novos modelos de negócios, onde a economia compartilhada e o consumo consciente avançam aceleradamente em resposta a uma nova sociedade, outros comportamentos e demandas emocionais também se revelam.
O executivo pode ser competente e eficaz em suas decisões sem ser necessariamente um ser isolado. Aliás, é muito recomendado que não o seja. Suas ações são voltadas para uma comunidade interna e externa que é diversa, viva e também em evolução. Ele precisa estar conectado com tudo que o cerca. A pressão está lá ainda e sempre estará, precisamos decidir com o máximo de precisão, ser assertivos e entregar valor, cumprir metas. Mas o super-herói pode ser de carne e osso. Pode e deve ser capaz de ouvir com atenção o que dizem seus colaboradores e clientes, interagir com seus parceiros. As empresas de sucesso no futuro serão as capazes de entregar o que as pessoas querem, na medida, no tempo e no jeito que querem.
Sem compartilhamento e sem troca, essa tarefa será quase impossível. Então, acredito que o grande ponto é que, ao esconder nossas vulnerabilidades debaixo do tapete, encaramos o mundo executivo de uma forma cínica e acabamos não aproveitando para crescer como seres humanos e ganhar consistência pessoal. Não estou dizendo para sair pelo escritório contando para a senhora que serve o café quais são seus pontos fracos, mas potencialmente tentar usar oportunidades de se humanizar e mostrar para o seu time que você também tem suas inseguranças e que não tem o controle de tudo. A autora e consultora americana, Brené Brown, fala que vulnerabilidade é um ato de coragem, onde agimos com o coração e não com a razão, o que resulta em empatia e troca, algo muito necessário para atuarmos em tempos de crise como este de agora.
André Freire - Sócio-Diretor da EXEC - exec.com.br/
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