Há duas formas das empresas falharem: continuar fazendo o mesmo, ou, se você preferir, fazer apenas o que é novo.
Você
quer que ela prospere, então, você precisa tomar o caminho do meio e o
mais complicado: precisa encontrar o equilíbrio adequado entre explorar
novas ideias e tirar partido das já existentes. Ou seja, o caminho entre
criar novos serviços e produtos que ultrapassem as fronteiras apesar
dos riscos inerentes, e usar o conhecimento já adquirido para tornar
algo bom ainda melhor.
É
fácil encontrar exemplos de empresas que passam por dificuldades porque
não conseguiram imaginar qualquer futuro além do normal. Olhe para a
Facit, uma fabricante de equipamentos de escritório que se estabeleceu
na Suécia nos anos 1920. Ela era conhecida por fazer as melhores
calculadoras manuais do mundo – todos as usavam. Então, surgiu a
calculadora eletrônica. E como a Facit respondeu? Continuando a fazer
exatamente o que sempre fez: calculadoras manuais.
Seus
engenheiros reconheceram o valor das calculadoras eletrônicas – eles
compraram algumas no Japão e as usaram para checar a precisão de seus
próprios produtos – mas isso não mudou a estratégia da companhia. É tão
difícil mudar quando você é competente! Em seis meses, a empresa não
perdeu apenas seu lugar no topo da pirâmide, mas tudo. Ela entrou em
colapso total.
Fica
óbvio nesse exemplo que a Facit faliu porque concentrou seus esforços
com demasiada força em aproveitar o que tinha, excluindo o
desenvolvimento de novas ideias. Mas a exploração fora de controle
também pode ser perigosa para a existência corporativa.
Presenciei
isso em primeira mão alguns anos atrás, quando trabalhei com uma
brilhante empresa europeia de biotecnologia, que tinha aplicações que
prometiam diagnosticar e até mesmo curar algumas formas de leucemia. A
companhia era extremamente inovadora, todo dia os esforços eram
direcionados a criar algo novo. E não apenas criar, mas garantir que
tudo fosse absolutamente perfeito.
Mas
o triste era que, antes que essas ideias se tornassem perfeitas – antes
mesmo de se tornarem boas o suficiente – tornavam-se obsoletas. A
empresa gastava tanto tempo inventando ideias que não conseguia
aproveitá-las.
Assim,
podemos ver que tanto explorar quanto aproveitar trazem riscos
significativos quando levados ao extremo. É óbvio que um equilíbrio é
necessário. As empresas que acham o equilíbrio veem enormes retornos.
Pense na Nestlé criando a Nespresso, a Lego entrando em filmes animados e
a Toyota criando veículos híbridos.
Mas
conseguir esse equilíbrio é muito mais difícil do que simplesmente
dizer que precisamos fazê-lo. De fato, nossa pesquisa sugere que apenas
cerca de 2% das empresas gerenciam com êxito a exploração e o
aproveitamento em paralelo. Por que é tão difícil? Principalmente porque
há inúmeras armadilhas que nos mantêm onde estamos. Duas das maiores
são “a armadilha de busca perpétua" e "a armadilha do sucesso".
A
primeira surge quando uma companhia descobre algo, mas não tem a
paciência ou a persistência de mantê-lo e fazê-lo funcionar. Ela não
coloca o tempo e os esforços necessários para tornar aquela emocionante
ideia em um novo produto ou serviço comercializável. Em vez disso, passa
para a próxima descoberta, que será tratada da mesma forma. Foi assim
que a empresa de biotecnologia mencionada anteriormente terminou
fracassando. A exploração bem-sucedida exige paciência e persistência.
A
armadilha do sucesso, por sua vez, foi o que pegou a Facit. A empresa
era tão boa em fazer calculadoras manuais, que simplesmente não quis
mudar. Ficou presa em algo que sabia bem, apesar da necessidade de
mudanças. No curto prazo, fazer mais do mesmo não é arriscado, mas no
médio prazo não mudar é prejudicial. Como disse Bill Gates: "o sucesso é
um péssimo professor. Ele nos seduz a pensar que não podemos falhar".
Há pelo menos quatro coisas que podemos fazer para evitar ou escapar dessas armadilhas. Primeiro, adiante-se à crise. Prepare-se para a próxima batalha. Qualquer empresa que pode inovar está comprando uma apólice de seguro para o futuro.
Em seguida, pense em várias escalas de tempo.
Em qualquer ano, a inovação geralmente responde por apenas 30% do valor
de uma empresa. Ao longo de 10 anos, no entanto, a inovação e a
capacidade de renovar respondem por 70%. Os executivos precisam
financiar a jornada e liderar o longo prazo.
Em terceiro, chame talentos diversificados para desafiá-lo.
O equilíbrio entre exploração e aproveitamento é um esporte de equipe.
Exige pessoas que estejam dispostas a desafiar a empresa e sua
estratégia – e uma diretoria corporativa que aceite e escute esse
desafio.
Finalmente, seja cético com o sucesso.
Aprenda com a história. Os generais romanos celebrando uma vitória
triunfante foram acompanhados por um companheiro dizendo-lhes
"Lembre-se, vocês são apenas humanos".
Seja
você um explorador por natureza ou alguém que prefere aproveitar aquilo
que já sabe, não se esqueça da beleza do equilíbrio.
Este artigo foi baseado em uma palestra no TED.
por Knut Haanaes
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