São Paulo — Networking nunca
é um investimento de curto prazo. É preciso ter paciência até que o seu
esforço em criar, manter e aprofundar relações com o mercado se traduza
em oportunidades profissionais.
Porém, se a sua rede de contatos não dá frutos há algum tempo, é hora de pensar se você não está fazendo algo errado.
Segundo José Augusto Minarelli, presidente
da Lens & Minarelli, o principal problema costuma ser o
imediatismo. “Networking é uma técnica de obtenção de ajuda e, ao mesmo
tempo, uma postura de genuíno interesse pelo outro”, explica. “É preciso
incorporar essa mentalidade e praticá-la sempre”. Se você busca
resultados pontuais, rápidos, dificilmente terá sucesso.
É
o caso de uma pessoa que passa anos sem investir em relacionamentos
profissionais, porque tem um emprego supostamente estável, e de repente
começa a “bombardear” seus contatos quando é demitida.
“Funciona
como numa conta corrente: você precisa depositar um pouco todo mês para
conseguir fazer um grande saque no fim do ano”, compara Maurício
Cardoso, fundador do Clube do Networking.
A boa notícia é que o brasileiro tem tudo para fazer networking de forma competente. A cultura latina favorece a sociabilidade — basta saber usá-la para o bem. “Quando
você percebe o impacto dos relacionamentos para a sua carreira, começa a
interagir de forma diferente, mais consciente e estratégica”, diz
Minarelli.
Em
grande parte dos casos, o problema está em não conseguir equilibrar os
seus interesses pessoais com a vontade de ajudar os outros. É preciso
entender não há oposição entre essas duas iniciativas, mas sim
complementaridade.
A seguir, confira o que os especialistas ouvidos por EXAME.com recomendam para quem sente que seu networking não está funcionando como deveria:
1. Reveja sua estratégia digital
O
uso desequilibrado de ferramentas de comunicação pode estar por trás do
fracasso do seu networking. De acordo com Cardoso, é preciso usar a
internet de forma estratégica, sem cair em extremos. Ter um perfil “preguiçoso” no LinkedIn, por exemplo, é tão prejudicial quanto conversar com seus pares exclusivamente pelas redes sociais.
“A
internet é essencial para manter a sua rede aquecida, mas também é
preciso frequentar eventos e olhar as pessoas nos olhos”, diz o fundador
do Clube do Networking. O chat online nunca terá as mesmas nuances de
uma conversa presencial. O ideal é usar a rede para marcar encontros
presenciais — e para manter o vínculo vivo durante os intervalos entre eles.
2. Peça ajuda (as pessoas gostam)
Na
cabeça de muita gente, pedir auxílio a um colega de profissão é
equivalente a passar um atestado de fraqueza. No entanto, para que o seu
networking funcione, é preciso superar a vergonha e criar o hábito de
solicitar apoio.
Além
de serem inevitáveis, pedidos de ajuda podem criar laços entre pessoas.
“O ser humano gosta de ser consultado, requisitado”, diz Minarelli.
Quando você solicita o conhecimento de uma pessoa, ela se sente
valorizada e tem mais chances de querer ajudar você de outras formas no
futuro.
3. Veja com quem você está andando
É possível que você esteja aplicando as melhores técnicas de networking… com as pessoas erradas. Segundo Minarelli, é importante compor a sua rede de forma estratégica —
tanto com “pessoas-fim”, isto é, aquelas que tomam a decisão de
contratar, quanto com “pessoas-meio”, isto é, que facilitam caminhos e
aproximam você das “pessoas-fim”.
Além
de cuidar da variedade de perfis que compõem o seu círculo, é
importante pensar no “humor” preponderante no seu grupo. “Você tem pares
que estão sempre reclamando da carreira ou que estão indo à luta?”, diz
Cardoso. “Busque pessoas positivas, dinâmicas, que querem crescer junto
com você”.
4. Fale menos e ouça mais
Ter
uma comunicação clara e honesta com os seus pares é fundamental para
que eles possam ajudar você quando for necessário. Isso significa deixar
as suas intenções sempre muito explícitas, sem deixar de prezar pela
delicadeza.
Para
Minarelli, a melhor forma de fazer isso é pedir conselhos, orientações,
informações e sugestões para os outros — mas também demonstrar
preocupação com as necessidades alheias.
Parar de falar apenas de si mesmo é a grande premissa dessa lição: embora sejanatural
tentar exibir as suas qualidades num encontro profissional, é perigoso
transformar a conversa num monólogo. Mostrar interesse pelas ideias,
projetos e necessidades do outro fará com que o relacionamento se
aprofunde e evolua com o tempo.
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