São Paulo — Para trabalhar mais e melhor, muita gente aposta em recursos tão diversos quanto técnicas de meditação e apps que impulsionam a produtividade. Mas existe uma solução muito mais simples e barata pra alavancar o seu rendimento: sentar-se perto de alguém mais eficiente do que você.
Essa
é a conclusão de um estudo de Jason Corsello, diretor da empresa de
tecnologia Cornerstone OnDemand, e Dylan Minor, professor da Kellogg
School of Management, divulgado recentemente pelo site da Harvard Business Review.
Os pesquisadores analisaram o desempenho de
2 mil profissionais de uma mesma empresa ao longo de dois anos. Sua
descoberta foi a de que os companheiros de baia têm impacto
significativo sobre a produtividade e a qualidade das entregas de um
funcionário.
Substituir
um profissional mediano por outro duas vezes mais produtivo aumenta em
cerca de 10% a eficiência dos colegas que sentam perto dele.
Opostos que se completamPara
aferir melhor o poder dessa variável, os pesquisadores dividiram os
trabalhadores em três categorias: produtivos (completam as tarefas
rapidamente, mas com baixa qualidade), qualitativos (têm entregas de
alto nível, mas trabalham devagar) e generalistas (apresentam velocidade
e qualidade em grau mediano).
O experimento demonstrou que a configuração ideal do escritório deixa trabalhadores produtivos e qualitativos lado a lado.
Um
ajuda o outro a contornar sua fraqueza: o qualitativo tenta trabalhar
tão rápido quanto o produtivo, e o produtivo se esforça para entregar
resultados tão bons quanto os do qualitativo.
A
aproximação desses dois perfis complementares trouxe para a equipe um
aumento de 13% em produtividade e um crescimento de 17% em eficácia na
resolução de tarefas.
Um
detalhe interessante é que, do ponto de vista de um produtivo, de nada
adianta se sentar ao lado de outro produtivo para alavancar ainda mais a
sua rapidez para entregar resultados.
“Trabalhadores
que já eram fortes em algum aspecto (qualidade ou velocidade) não se
mostraram sensíveis à influência de um companheiro nesse mesmo aspecto”,
escrevem os pesquisadores na HBR.
Em
outras palavras, você só será sensível à “contaminação” de um colega se
ele tiver uma força que você ainda não tem. Usar o truque dos lugares
não vai incrementar ainda mais a produtividade de alguém que já é
produtivo.
Causas e consequênciasDe
acordo com os pesquisadores, é impossível determinar com precisão o
motivo desse fenômeno. Porém, eles descartam hipótese de que um
profissional “aprende” com o outro — esse processo demandaria muito
tempo, e o efeito observado no experimento foi imediato.
O
mais provável, dizem eles, é que sentar-se ao lado de um profissional
de alto desempenho provoca uma combinação de inspiração e/ou pressão
social para imitá-lo.
Quaisquer que sejam as razões, as consequências valem a pena. Segundo
Corsello e Minor, a estratégia pode render cerca de 1 milhão de dólares
em lucros anuais para uma empresa de 2 mil funcionários. Tudo isso sem
investir nenhum centavo a mais — basta contar com um bom mapa de assentos.
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