Em 2015, as operações de fusões e aquisições de empresas bateram o recorde. Nesse cenário, os RHs precisam redobram os esforços para aumentar a motivação da equipe
Por Gabriel Almeida*
São Paulo --
Motivar a equipe é um assunto importante na agenda de qualquer gestor –
a motivação é o principal impulsionador do ciclo de produtividade e
influencia diretamente os resultados da organização. Ela é essencial
para que as organizações continuem a crescer e se desenvolver, e se
torna um tema ainda mais importante em alguns momentos específicos de
uma organização, como os de fusões. Nesse contexto o RH precisa estar
ainda mais atento à possível falta de motivação dos colaboradores e
buscar soluções que encorajem e direcionem a equipe para novos desafios.
Em
2015, as operações de fusões e aquisições de empresas totalizaram o
valor de US$ 4,68 trilhões. Segundo a consultoria Dealogic, esse é o
maior valor da história. Dados da KPMG apontam que foram concluídas 773
operações somente no Brasil.
Para
que o processo seja bem-sucedido é importante haver mudanças na
estrutura da nova empresa que comportem características das duas
empresas que se uniram. E nesse processo, uma das áreas que mais sofre
impacto é a de Recursos Humanos. Os profissionais desta área devem estar
presentes desde a fase de negociações até o fim do processo.
É
importante que os profissionais da área de RH estejam preparados para
todo o processo, que começa ainda antes da fusão em si. É preciso, antes
de tudo, entender e estudar a cultura das duas organizações, absorvendo
as características e visões dos líderes. Os RHs devem entender o perfil
dos funcionários e desenhar a melhor forma de unir essas culturas.
Também
é essencial que exista uma comunicação direta e transparente com os
funcionários, para que todos estejam bem informados e seguros sobre o
passo a passo do processo. Neste momento, um dos principais causadores
da desmotivação são as conversas informais entre os funcionários, com
conteúdo pouco preciso, que acabam por deixá-los mais inseguros. Nesta
situação, muitas empresas acabam perdendo grandes talentos que se sentem
ameaçados.
Os
colaboradores sabem que mudanças e cortes irão acontecer e, quanto mais
tempo eles ficam sem acesso a essas informações, mais incertezas em
relação à carreira aparecem. É preciso que eles tenham um direcionamento
para se sentirem motivados. Para os que tem a possibilidade de ficar na
empresa, esta é uma chance de lutarem por sua vaga, produzindo e
desempenhando ainda mais; e para aqueles que já sabem que serão
desligados é o momento de fazer um excelente trabalho de transição,
pensando nas recomendações e referências que virão.
Quando
a fusão acontece, o choque cultural entre as duas empresas pode ser
grande e gerar um desconforto entre alguns funcionários, que se sentirão
pouco ou nada motivados. Em alguns casos, esta é uma oportunidade para a
empresa criar uma cultura totalmente nova, em outros, quando uma das
culturas é mais forte, ela acaba sendo a dominante.
O
mais importante é saber que, apesar de se tratar de uma mudança
repentina, este é um processo contínuo. E mesmo depois de finalizado, o
RH continuará a desenvolver ações que criem sinergia entre os
profissionais das duas empresas anteriores e se preocupem com o
desenvolvimento dessa nova organização que foi criada.
O
papel dos gestores também é fundamental. Eles devem se certificar de
que todos se sintam parte de um time, afinal são uma unidade e,
portanto, devem agir como tal. É o líder que avaliará possíveis atritos
no dia a dia, resistências em relação à nova cultura corporativa e queda
de produtividade. Eles devem estar aptos a lidar com as diferenças
culturais a fim de manter um clima organizacional positivo.
Para
os profissionais este pode ser um momento muito importante – é quando
os olhos do RH estarão voltados aos colaboradores. Alguns não se
sentirão confortáveis com as mudanças, alguns estarão inseguros, mas
para muitos essa é uma oportunidade - há um perfil que se favorece nesse
processo: os profissionais mais arrojados e que gostam de ser
desafiados. Estes enxergam nesse cenário uma chance de saírem de sua
zona de conforto e se destacarem com a nova estrutura. Com resiliência,
vontade de inovar e capacidade de pensar fora da caixa tudo é possível.
*Gabriel Almeida é gerente da divisão de Engenharia e Logística da Talenses, empresa de recrutamento e seleção de São Paulo.
Comentários
Postar um comentário